20 de abr. de 2010

Sessão dia 1 de maio

Dia 1 de maio sessão aberta com consulta de Caboclo e Exu.
Não percam...

17 de abr. de 2010

MENSAGEM DE UM POETA, texto de Flávio Perri

O Criador preside o Universo, está em todos os seres, vive em todas as coisas, está no meio de nós. A natureza é a morada dos Orixás, cada um na sua medida, cada um e seu poder sobre dia e noite, em nome da Sabedoria, da Justiça, do Amor Maternal. Os Orixás estão no centro do embate entre o bem e o mal, onde peleja primordialmente Ogum.
Os Orixás são arquetípicos, traços da personalidade única e completa do Supremo Criador, são eternos como eterno é Deus, sua vida é Vida que ultrapassa o tempo e mantém-se nos sentidos da compreensão humana, na inteligência transformada em consciência.
Cada um, Xangô, Iemanjá, Oxum, está pleno da eternidade sem tempo. São unos no Criador, capaz do mundo, um Deus, só um.
Cada homem, cada mulher, encontra sua estrada, intuição e inspiração onde a direção é conhecida passo a passo, no andar sa caminhada. Em cada personalidade, um Orixá. A mnsagem vem ao homem em sua trilha do destino, o Orixá faz-se saber. O poder de Deus está presente.
Os Orixás povoam o espaço, o consciente e o inconsciente, estão fora, vivem em nós, como

o vento,
a tempestade,
o raio rompendo a noite,
a água que retempera,
a pedra da firmeza,
o largo oceano,
útero que agasalha,
para lavar nossos erros e fraquezas
no espaço que os difunde
entre acertos e certezas.

Sou poeta de uma profecia,
minha passagem é minha resposta
ao Guia que me saudou para dizer
que em minhas veias corre o sangue
da mensagem viva
do Criador, na compreensão
de homens e mulheres
que vivem em busca de um aceno
da divina presença
e a buscam em plena escuridão.
Essa missão religa-me
a antigos montes sagrados,
benditos montes de onde o Criador
fundiu seu mandato aos homens
em pedra pura,
livrandi-nos da servidão.
Escrevo porque me sinto responsável
de falar aos meus irmãos
que tenho forças (ainda) para ajudá-los
e essa é minha missão.
Nova York, maio de 2002.

Texto de:
 PERRI, Flávio Miragaia. O encanto dos Orixás. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 2002.

10 de abr. de 2010

O VENCEDOR DE DEMANDAS, texto de Flávio Perri


Nos preparamos para a nossa festa de OGUM, que acontecerá dia 17 de abril a partir das 17h e para começar nossa homenagem um trecho do livro: O ENCANTO DOS ORIXÁS (ensaios e poemas) de Flávio Perri.


O Vencedor de Demandas

OGUM

(uma interpretação)

Ogum, Orixá da força e da energia, atua na linha de frente, na abertura dos espaços, cuja ação acontece em situação de conflito e contradições. Sua energia o faz ativo senhor de vibrações múltiplas, combinando sua atividade com a de outros Orixás. Por Ogum, o homem ultrapassa a dualidade implicando conflito e encontra a sua paz na unidade propiciada pela vibração do Orixá.
(...)
O Orixá é, nesses termos, o guerreiro (forças opostas) vencedor (promotor da unidade).
(...)
Guerreiro, confronta-se destemido contra situações de oposição material ou espiritual. No embate, conhece todos os terrenos, naturais e espirituais.
(...)
Costuma-se dizer que Ogum tema a energia do fogo, cujo calor funde elementos naturais. O calor funde o ferro, transforma a madeira em carvão em cinzas. No plano humano, os problemas (...) transformam-se, modificando atitudes. A vontade de atingir metas, pontos determinados pela imaginação e pelo espírito, reforça-se. Sua energia promove novas realizações, ensina a coragem pes-soal, o serviço da solidariedade.
(...)
Ogum é o próprio caminho, a busca da passagem, da porta estreita, cuja ultrapassagem supõe lutas e dificuldades, nunca abandonadas, mas superadas por essa passagem. Nesse sentido também é desbravador.
(...)
Suas alianças reconhecem a complexidade do mundo. As vibrações de Ogum e de seus filhos associam-se com vibrações de outrso Orixás para completar a dialética da transformação:
(...)
Ogum trabalha com Xangô em combinação com Oxóssi, atuando nas matas e nas pedreiras, como Ogum Rompe Mato. Para que opere nessa vibração, é necessária a sabedoria de Oxóssi, o caçador de almas, o Senhor das Matas, e a presença indispensável de Xangô, que representa a defesa da Justiça na transformação da natureza.
Ogum atua no campo próximo de Iemanjá, à beira-mar ou nas próprias ondas, sob o nome de Ogum Beira-Mar ou Ogum Sete-Ondas;
Ogum vibra na Calunga, nos cemitérios, fazendo-lhes a ronda como Ogum Megê.
Ogum Delê, que alguns entendem ser a força pura de Ogum e entendem como o Orixá Ogum "de lei" (o que tem os direitos) e outros encontram na origem Ioruba da palavra "deleh", o que domina o campo, o que toca a terra, o senhor dos espaços.
Ogum trata das energias do equilíbrio cósmico (cosmos como ordem astral, ordem e dinanismo entre os astros), que condiciona o equilíbrio da natureza como encontrado nos campos, nas campinas floridas, no horizonte azul, no ritmo do tempo, na alternância da chuva e do sol, da noite com o dia, como Ogum Matinata.
É interessante assinalar o sentido ao mesmo tempo espiritual e poético do adjetivo matinata derivado de matina (alvorada, a hora do nascer do sol, o astro que dá calor e vida à Terra).
(...)
A espada é símbolo que associa à idèia do guerreiro.
Rio, abril de 2000.

PERRI, Flávio Miragaia. O encanto dos Orixás. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 2002.

9 de abr. de 2010

MITO: A CRIAÇÃO DA TERRA, texto de José Beniste.

O que agora é a nossa Terra foi, certa vez, uma aguacenta e pantanosa imensidão. Acima havia éter, o espaço celestial, denominado òrun e que era a morada de Olódùmarè, o Ser Supremo, dos Òrìsà e de outros seres primordiais. A aguacenta imensidão constituía, de certa forma, o local de caça para seus habitantes, que costumavam descer por cordas de teias de aranha formando pontes pelas quais andavam.
Conviviam com Olódùmarè vários Òrìsà; entre eles Obàtálá (também conhecido por Òsàlá), Òrúnmìlà, Èsù, Ògún e mais Agemo, o camaleão, criado de confinça do Ser Supremo. Na parte de baixo vivia Olókun, a divindade feminina que governava a vasta expansão de água e os pântanos selvagens.
Certa vez, Obàtálá, observando essa região, disse: "Todo esse espaço não tem a marca de nenhuma inspiração ou coisa viva. Tudo é muito monótono." Em seguida, foi até Ólódùmarè e expôs seu pensamento: "O lugar governado por Olókun é uma mistura de mar, pântano e nevoeiro. Se existisse terra sólida naquele lugar - campos, florestas, morros e vales -, seguramente ele poderia ser habitado por Òrìsà e por outras formas vivas." Olódùmarè respondeu: "Sim, seria uma boa idéia cobrir as águas com terra. Mas trata-se de um empreendimento ambicioso! Quem faria esse trabalho?" Obàtálá respondeu: "Eu tentarei e farei tudo conforme o Seu desejo."
Com a devida permissão, Obàtálá saiu à procura de Òrúnmìlà, que entendia dos segredos da existência, e dele recebeu instruções de como efetuar aquela tarefa. "Estas são as coisas que você deve levar: uma concha cheia de terra, uma galinha branca de cinco dedos em cada pé e um pombo." Tudo providenciado, Obàtálá desceu através das grossas teias e, antes de chegar ao seu final, despejou o conteúdo da concha e, em seguida, lançou a ave encantada, que passou a espalhar a terra por todas as direções, com o pombo transportando todo o material de um lado para o outro. A terra que estava sendo espalhada foi tomando formas desiguais, originando morros e vales. Quando tudo havia sido feito, Obàtálá saltou da teia para a terra firme. Pisou-a e a sentiu segura e firme, mas ainda estéril.
Obàtálá chamou o lugar onde o trabalho havia sido efetuado de Ifè, que significa "aquilo que é amplo". De acordo com a tradição foi assim que Ifè, a cidade sagrada desse povo, obteve seu nome. A criação da Terra foi completada em quatro dias; o quinto foi separado para se reverenciar Olódùmarè, que, mais tarde, desejando saber como andavam as coisas na Terra, enviou Angemo para fazer uma inspeção em toda região. Ao chegar lá, andou cuidadosamente para experimentar a terra. Achando-a firme, procurou Obàtálá e lhe disse: "Como você pode ver, a Terra está criada, mas ainda falta muita coisa - plantas, árvores e gente - para habitá-la. E, mais ainda, há muita escuridão. A terra deve ser iluminada."
Agemo retornou para o òrun e descreveu para Olódùmarè o que tinha visto e ouvido. Prontamente o desejo de Obàtálá foi atendido com a criação do Sol. Depois disso, sugiram o calor e a luz no lugar que havia sido do domínio exclusivo de Olókun. Em seguida, Olódùmarè enviou Òrúnmìlà para agir como conselheiro de Obàtálá, que levou consigo a primeira palmeira de dendezeiro, o igi òpe, para ser plantada. Deu também três outras árvores para serem plantadas - Iré, Awùn e Dòdo -, que serviriam para extrair alimentos e agasalhos. Como não havia bastante água para ser usada, fez cair chuva sobre a Terra.
Com todos os elementos em seu poder, Obàtálá complementou a tarefa, equipando a Terra com matas,, florestas, rios e cachoeiras. Logo depois foi designado para outro trabalho, o de modelar a imagem física daqueles que deveriam habitar toda a Terra criada. para isso, revolveu o barro e o umedeceu com a água das fontes, modelando, na forma determinada por Olódùmarè, figuras idênticas aos seres humanos. Obàtálá trabalhou sem descanso, vindo a ficar esgotado e com muita sede. Buscou socorrer-se com vinho de palma, o emu. Assim sendo, foi buscar, entre as palmeiras do dendezeiro, o líquido para aliviar a sua sede. Ao extrair o líquido, deixou-se fermentar e depois bebeu-o por longo tempo até que sentiu seu corpo amolecer e tudo à sua volta girar. Ao conseguir manter-se em pé, voltou ao trabalho, mas sem as condições iniciais. Com isso, vários modelos das figuras ficaram desajeitados, disformes, com pernas e braços tortos. Outros apresentavam as costas altas, cabeça desproporcional e estatura irregular, idênticos a anões. Mesmo assim, todos foram colocados em posição apropriada, aguardando a presença do Ser Supremo para dar vida a todas as figuras inanimadas.
A instrução dada a Obàtálá, portanto, era a de que, quando tivesse completado s sua parte na criação do Homem, avisasse Olódùmarè, que então viria para dar a vida, colocando o emìí em seu corpo, completando, assim, a criação do ser humano. De meras figuras de barro moldado, transformaram-se em seres de sangue, nervos e carne. Com a vida insulfada em suas narinas, começaram a andar e a fazer as coisas necessárias à sua sobrevivência.
Quando cessou o efeito do vinho de palma, Obàtálá viu que alguns humanos que havia moldado estavam deformados. Ficou triste e sentiu remorso. Então disse: "Nunca mais beberei vinho de palma. Serei sempre o protetor de todos os humanos defeituosos ou que tenham sido criados imperfeitos." Por causa dessa promessa, os seres humanos coxos, cegos, sem braços, surdos, mudos e aqueles que não têm pigmentos em suas peles, os albinos. são chamados de Eni Òrìsà, pessoas especiais sob a sua proteção.
Todos viviam uma vida pacífica em torno de Obàtálá, que era o seu rei e orientador. Mesmo sem as ferramentas adequadas, pois ainda não existia o ferro no mundo, o povo plantava e semeava. As árvores se multiplicavam, e o povo crescia juntamente com a cidade de Ifè, seguindo tudo conforme a sua determinação. Assim, Obàtálá decidiu voltar ao òrun, tendo sido preparada uma grande festa para a sua chegada. Ali, junto aos demais Òrìsà, ele relatou as coisas existentes no novo mundo e todos se mostraram decididos a conviver com os seres humanos criados. Desse modo, muitos Òrìsà partiram para a Terra, mas não sem antes ouvir as instruções de Olódùmarè quanto às obrigações de cada um. Deixou a seguinte mensagem para todos: "Quando vocês se fixarem na Terra, nunca se esqueçam de seus deveres para com os seres humanos. Todas as vezes em que eles estiverem suplicando por ajuda, observem com atenção o que estão pedindo. Vocês serão protetores da raça humana. Obàtálá foi o primeiro que desceu e secou as águas. Ele será o eterno governante deste mundo e a minha segunda pessoa, e, por isso, será chamado de Enikéjì Èdùmàrè, devidamente retratado no seguinte texto:
Obàtálá, Ògirigbànigbo, aláyé ti wón nfi ayé fún.
[Obàtálá, o magnífico que possui o mundo e é o dono de seu controle.]
Òrúnmìlà será o meu porta-voz pela condição de ser conhecedor dos destinos de todos os habitantes da Terra e terá o título de Elérí Ìpín. Cada um de vocês terá uma responsabilidade especial para preencher os espaços da Terra."
Ao dizer isso, todos se movimentarem para descer ao novo mundo. Obàtálá ficou por algum tempo no òrun, não seguindo com os demais. Algumas vezes, quando desejava saber como as coisas estavam caminhando em Ifè, retornava para uma visita.

CONCLUSÃO
Este mito possui três versões diferentes, de acordo com as tradições regionais yorubás. Revela a condição de primazia de Obàtálá, que seria chamado de Òsàlá, conforme o mito seguinte, e o seu poder de realização, e de Òrúnmìlà, com o seu poder de sabedoria nas decisões a serem tomadas. É a associação de dois princípios para um objetivo seguro. A bebida passou a ser proibida aos filhos desse Òrìsá, dada a insegurança que ela transmite para a realização de tarefas cuja ética e moral devam sempre predominar.
Na cidade de Òyó, rival da cidade de Ifè, o povo creditou o começo do mundo yorubá a partir do mito que retrata a ascensão de Òrànmíyàn como soberano da cidade. Daí a sua denominação de Onílè, senhor da Terra.

UM TEXTO DE:
BENISTE, José. Mitos Yorubás: o outro lado do conhecimento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.

JOSÉ BENISTE, escritor, historiador, pesquisador de Culura Afro-Brasileira, é integrante de movimentos que visam à restauração da dignidade religiosa do afro-descendente. Iniciado pela Sociedade Axé Opô Afonjá, em 1984, é diretor do Curso Brasil-Nigéria, fundado em 1982. Ministra aulas de Língua Yorubá.

7 de abr. de 2010

FESTA DE OGUM

No próximo dia 17/04 a partir das 17h, nosso Centro salva e festeja Ogum (festejado no dia 23/04), orixá guerreiro e vencedor de demanda.

Em especial seu Ogum Iara, que trabalha em associação com o orixá feminino Oxum, combinando a vibração purificadora do fogo com a das águas de rios e cachoeiras.