28 de jan. de 2011

A força dos Orixás





Esta série de 12 programas de rádio busca desvelar o universo das crenças, mitos e conceitos das religiões brasileiras de matriz africana ao mesmo tempo em que as relaciona com a diversidade da música brasileira.

Através de lendas, relatos, toques e cantigas, o entedimento de mundo contido na religiosidade afro-brasileira apresenta-se como um conhecimento oral e colaborativo, construído por sucessivas gerações e por uma diversidade de vozes e influências.

O rádio é, portanto, um meio ideal para que esta oralidade se multiplique. A música, elemento fundamental, seja nos rituais por sua dimensão sagrada, ou como síntese das influências culturais no cancioneiro popular, é o elemento que une as práticas religiosas ao cotidiano, contextualizando para os ouvintes versos tão conhecidos e servindo de ponte para um entendimento maior da influência da cultura africana no Brasil.

Cada episódio é focado em um orixá específico, suas especificidades, histórias e mitos, que se desdobram em questões fundamentais para esta cultura. Seria impossível que esta série buscasse dar conta da imensa diversidade contida nos universos de matriz africana, de suas diferentes nações, de suas diferentes influências regionais que no Brasil enriqueceram-se umas as outras.

Por isso, cada programa se propõe a oferecer um despretensioso retrato sonoro dessas imponentes personagens já tão enraizadas na cultura e na música brasileira.


Veja em:
http://orixas.hotglue.me/

25 de jan. de 2011

FOTOS: Festa de Oxossi e Caboclo





Oxossi











Oxossi e Mãe Esmeralda





Cabocla Jurema








Okê Aro!!!

Salve São Sebastião e todos os Caboclos!!!

Caboclo Flecheiro

Caboclo Cobra Coral



20 de jan. de 2011

Show Ecumênico

Show Ecumênico no dia Nacional
de Combate a
Intolerância Religiosa

A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa - com apoio da Rede Globo e Petrobras, estão organizando um evento para comemorar o dia nacional de combate a intolerância religiosa.

A programação será no dia 23 de janeiro, a partir das 10 horas, com previsão dos shows de vários
artistas de várias denominações religiosas, na Quinta da Boa Vista.

Além da comemoração, o evento dará uma chamada para a próxima caminhada
que ocorrerá no ano de 2011, em Copacabana, no Rio de Janeiro.



OBS: estas e mais informações podem ser encontradas no
Jornal ICAPRA, ano 4, número 52, 2010.

12 de jan. de 2011

Oxóssi - 20 de Janeiro

Oxóssi



 

DIA: Quinta-feira
COR: Azul-Turquesa
SÍMBOLOS: Ofá (arco), Damatá (flecha), Erukeré
ELEMNTO: Terra (florestas e campos cultiváveis)
DOMÍNIOS: Caça, Agricultura, Alimentação e Fartura
SAUDAÇÃO: Òké Aro!!! Arolé!
Oxóssi (Òsòsi) é o deus caçador, senhor da floresta e de todos os seres que nela habitam, orixá da fartura e da riqueza. Atualmente, o culto a Oxóssi está praticamente esquecido em África, mas é bastante difundido no Brasil, em cuba e em outras partes da América onde a cultura iorubá prevaleceu. Isso deve-se ao fato de a cidade de Kêtu, da qual era rei, ter sido destruída quase por completo em meados do século XVIII, e os seus habitantes, muitos consagrados a Oxossi, terem sido vendidos como escravos no Brasil e nas Antilhas. Esse fato possibilitou o renascimento de Kêtu, não como estado, mas como importante nação religiosa do Candomblé.
Oxóssi é o rei de Kêtu, segundo dizem, a origem da dinastia. A Oxóssi são conferidos os títulos de Alakétu, Rei, Senhor de Kêtu, e Oníìlé, o dono da Terra, pois em África cabia ao caçador descobrir o local ideal para instalar uma aldeia, tornando-se assim o primeiro ocupante do lugar, com autoridade sobre os futuros habitantes. Com efeito, Oxossi (Òsôsi) é considerado como um dos òrisà reais e por isso é chamado de alákétu titulo oficial do rei de Kétu. Seu culto foi introduzido na Bahia por uma das fundadoras do àse do primeiro “terreiro” público na Barroquinha, e Òsôsi considerado fundador dos três “terreiros” que derivaram dele. Isto importante porque Òsôsi é considerado Àsèsè, origem das origens, dos descendentes de Kétu no Brasil. É chamado de Olúaiyé ou Oni Aráaiyé, senhor da humanidade, que garante a fartura para os seus descendentes.
Como Ògún, é associado a um aspecto do preto: suas vestimentas, seus paramentos e as cotas de seu colar são azul-claros.
O símbolo que o representa é um arco e flecha de ferro. Entre seus paramentos figuram os oge, chifres de touro selvagem (do efon Syncerus Caffer Beddingtoni), substituídos no Brasil pelos chifres de touro. Não entraremos na análise do simbolismo do chifre e contentar-nos-emos apenas com chamar a atenção para sua estrutura em forma de cone e sua relação com abundância e elemento procriado no  àiyé e no òrun.
Essa relação com ascendência e descendência faz com que o seu som seja de uma força inigualável; e um poderoso meio de comunicação entre àiyé e o òrun; com efeito, os chifres rituais no culto de Òde são chamados Olugboohun: o Senhor escuta minha voz.
Tem relevância especial, outro emblema que caracteriza Òsôsi: o ìrùkèrè pronunciado na Bahia èrùkèrè.
É uma espécie de cetro feito com pêlos de rabo de touro presos a um pedaço de couro duro constituindo um cabo revestido de couro fino e ornado com contas apropriadas e cauris. É um dos principais instrumentos utilizados pelos caçadores e detém poderes sobrenaturais. Na África nenhum caçador ousaria aventurar-se na floresta sem seu èrùkèrè. É preparado com pós e remédios de diversos tipos, assim como com folhas e fragmentos triturados de animais sacrificados. Antes de serem presas ao èrùkèrè, as raízes dos pêlos devem durante algum tempo ser imersas em um pote com uma combinação de elementos que constituem um àse especial, que lhe permitirá adquirir os poderes necessários à sua finalidade. Não se trata apenas de um emblema profilático; tem o poder de controlar e manejar todo tipo de espíritos da floresta.

Na história da humanidade, Oxóssi cumpre um papel civilizador importante, pois na condição de caçador representa as formas mais arcaicas de sobrevivência humana, a própria busca incessante do homem por mecanismos que lhe possibilitem se sobressair no espaço da natureza e impor a sua marca no mundo desconhecido.
A colecta e a caça são formas primitivas de busca de alimento, são os domínios de Oxóssi, orixá que representa aquilo que há de mais antigo na existência humana: a luta pela sobrevivência. Oxóssi é o orixá da fartura e da alimentação, aquele que aprende a dominar os perigos da mata e vai em busca da caça para alimentar a tribo. Mais do que isso, Oxóssi representa o domínio da cultura (entendendo a flecha como utensílio cultural, visto que adquire significados sociais, mágicos, religiosos) sobre a natureza.
Astúcia, inteligência e cautela são os atributos de Oxóssi, pois, como revela a sua história, esse caçador possui uma única flecha, por tanto, não pode errar a presa, e jamais erra. Oxóssi é o melhor naquilo que faz, está permanentemente em busca da perfeição.
Em África, os caçadores que geralmente são os únicos na aldeia que possuem as armas, têm a função de salvar a tribo, são chamados de Oxô, que significa guardião. Oxóssi também foi um Òsó, mas foi um guardião especial, pois salvou seu povo do terrível pássaro das Iyá-Mi.
Oxóssi mantém estreita ligação com Ossaim (Òsanyìn), com quem aprendeu o segredo das folhas e os mistérios da floresta, tornou-se um grande feiticeiro e senhor de todas as folhas, mas teve que se sujeitar aos encantamentos de Ossaim. Outras histórias relacionadas com Oxóssi apontam-no como irmão de Ogum (dizem as lendas que são irmãos inseparáveis, sendo dentro do mundo iorubá o amor de irmão mais forte que existe, Além de irmão, Oxóssi é grande amigo de Ogum – dizem até que seria seu filho, e onde está Ogum deve estar Oxóssi as suas forças completam-se e, unidas, são ainda mais imbatíveis.)). Juntos, eles dominaram a floresta e levaram o homem à evolução., a utilização da floresta, mas enquanto o senhor da guerra percorre as matas nas lutas militares, Oxóssi e Ossain tem na floresta  o próprio fim. Enquanto Ogum percorre a mata para abrir caminhos e ampliar o território através das guerras, Ossain se esconde nela para estudar as folhas e Oxóssi para capturar animais. Ogum modifica a floresta, enquanto Oxóssi e Ossain se identifica com ela e com ela se mistura.
A história mostra Oxóssi como filho de Iemanjá, mas a sua verdadeira mãe, segundo o mais antigos, é Apaoká a jaqueira, que vem a ser uma das Iyá-Mi, por isso a intimidade de Oxóssi com essa árvore.
A rebeldia de Oxóssi é algo latente na sua história. Foi desobedecendo às interdições que Oxóssi se tornou orixá.
Tal como Xangô, Oxóssi é um orixá avesso à morte, porque é expressão da vida. A Oxóssi não importa o quanto se viva, desde que se viva intensamente. O frio de Ikú (a morte) não passa perto de Oxóssi, pois ele não acredita na morte.


Características dos filhos de Oxóssi

Os filhos de Oxóssi são pessoas de aparência calma, que podem manter a mesma expressão quando alegres ou aborrecidas, do tipo que não exterioriza as suas emoções, mas não são, de forma alguma, pessoas insensíveis, só preferem guardar os sentimentos para si.
São pessoas que podem parecer arrogantes e prepotentes, e às vezes são. Na realidade, os filhos de Oxóssi são desconfiados, cautelosos, inteligentes e atentos, seleccionam muito bem as amizades, pois possuem grande dificuldade em confiar nas pessoas. Apesar de não confiarem, são pessoas altamente confiáveis, das quais não se teme deslealdade; são incapazes de trair até um inimigo. Magoam-se com pequenas coisas e quando terminam uma amizade é para sempre.
São do tipo que ouve conselhos com atenção, respeita a opinião de todos, mas sempre faz o que quer. Com estratégia, acabam por fazer prevalecer a sua opinião e agradando a todos.
Altos e magros, os filhos de Oxóssi possuem facilidade para se mover, mesmo entre obstáculos. O seu andar possui leveza e elegância. A sua presença é sempre notada, mesmo que não façam nada para isso acontecer.
Os filhos de Oxóssi gostam de solidão, isolam-se, ficam à espreita, observam atentamente tudo que se passa à sua volta. Curiosos, percebem as coisas com rapidez, são introvertidos e discretos, vaidosos, distraídos e prestativos, comportamento típico de um caçador, provedor do seu povo.

Referências

SANTOS Juana Elbem; Os Nàgô e a morte: Pàde, Asôsh e o culto Egun na Bahia; traduzido pela Universidade Federal da Bahia. Petrópolis, Vozes, 1986.
264p. 21 cm. (Mestrado, v, 4). Tese Universidade de Sorbonne.
Bibliografia.
  1. Ritos e cerimônias fúnebres— Brasil — Bahia
  2. Yorubas — Cultura 3, Yorubás na Bahia —
  3.  Cerimônias e práticas. 1. Título. TII Série.


http://www.cabocloarruda.hpg.com.br/teca/oxossi.htm

10 de jan. de 2011

ACARAJÉ

O texto abaixo é um trecho do artigo:


SABORES E AROMAS
Acarajé: da cozinha sagrada à
culinária laica
 
Por Jefter Paulo

Designer, ator e dançarino.

 
 
 
Acarajé de orixá


Acarajé, comida ritual da orixá Iansã. Na África, é chamado de àkàrà que significa bola de fogo, enquanto

je possui o significado de comer. No Brasil foram reunidas as duas palavras numa só, acara-je, ou seja,

“comer bola de fogo”.

O acarajé, o principal atrativo no tabuleiro, é um bolinho é indissociável da cultura do candomblé e da

história dos africanos no Brasil.

Sua origem é explicada por um mito sobre a relação de Xangô com suas esposas,

Oxum e Iansã. O bolinho se tornou, assim, uma oferenda a esses orixás. Mesmo ao ser

vendido num contexto profano, o acarajé ainda é considerado, pelas baianas, como uma

comida sagrada. Por isso, a sua receit a, embora não seja secreta, não pode ser

modificada e deve ser preparada apenas pelos filhos -de-santo.

O acarajé é feito com feijão-fradinho, que deve ser quebrado em um moinho em

pedaços grandes e colocado de molho na água para soltar a casca. A pós retirar toda a

casca, passar novamente no moinho, desta vez deverá ficar uma massa bem fina. A essa

massa acrescenta-se cebola ralada e um pouco de sal.

O segredo para o acarajé ficar macio é o tempo que se bate a massa. Quando a

massa está no ponto, fica com a aparência de espuma. Para fritar, use uma panela funda

com bastante azeite-de-dendê ou azeite doce.

Normalmente, usam-se duas colheres para fritar, uma colher para pegar a massa e uma

colher de pau para moldar os bolinhos. O azeite deve e star bem quente antes de colocar

o primeiro acarajé para fritar.

Esse primeiro acarajé sempre é oferecido a Exu pela primazia que tem no

candomblé. Os seguintes são fritos normalmente e ofertados aos orixás para os quais

estão sendo feitos.



Acarajé da baiana

O acarajé também é um prato típico da culinária baiana e um dos principais produtos

vendidos no tabuleiro da baiana (nome dado ao recipiente usado pela baiana do acarajé

para expor os alimentos), que são mais carregados no tempero e ma is saborosos,

diferentes de quando feitos para o orixá.

A comercialização do acarajé teve início ainda no período da escravidão com as

chamadas escravas de ganho que trabalhavam nas ruas das grandes metrópoles, em

diversas atividades, dentre elas, a venda de quitutes nos seus tabuleiros. Tal comércio foi

responsável não raras vezes pelo sustento de famílias, pela criação das irmandades

religiosas, da criação de laços comunitários/ identitários entre escravos urbanos.

A forma de preparo do acarajé, enquanto comida votiva e comida laica é

praticamente a mesma, a diferença está no modo de ser servido: ele pode ser cortado ao

meio e recheado com vatapá, caruru, camarão refogado, pimenta e salada(feita com:

tomate verde e vermelho mais coentro ).
O acarajé é similar ao abará, a maior diferença entre os dois é que o acarajé é frito,

ao passo que o abará é cozido.


Receita básica de um bom acarajé:

Ingredientes

1/2 kg de feijão-fradinho descascado e moído

150 g de cebola ralada

1 colher (sobremesa) de sal ou a gosto

1 litro azeite-de-dendê para fritar

Se a família for grande, dobrar a receita. Em várias cidades é possível encontrar o

feijão fradinho descascado e moído já pronto, na forma de farinha: farinha de feijão

fradinho.

Recheio de camarão

Refogar por 10 a 15 minutos: 4/6 xícara de azeite -de-dendê, 3 cebola picada, alho

a gosto, 700 g de camarão defumado sem casca e cheiro -verde. Caso queira, podem ser

acrescentados tomate e coentro, e como dito anteriormente, caruru, vatapá e molho de

pimenta.
 
 
REFERÊNCIA:
Revista África e Africanidades - Ano I - n. 1 – Maio. 2008 - ISSN 1983-2354



ATENÇÃO:
 
Encontre o texto completo em:
www.africaeafricanidades.com


Entre Vozes e Letras

FORÇA AFRICANA


Por Juliana Farias

Escritora, Psicóloga e Presidente do Centro de Referência e Estudos da Tradição e

Cultura Afro-Brasileira do Ilê Axé Pilão Odara – CRETCAB-IAPO.



Nos tumbeiros, vieram os negros
arrancados de seu continente, de seu povo.
Concentrados em fortalezas,
encaminhados para os portos de embarque.
Na praia: o lugar do não retorno,
últimos momentos, pisando no chão firme
e seguro de sua terra.
Que destino incerto é esse que se inicia?
Jogados nos porões como mercadorias,
empilhados como sacos de carvão,
enfileirados, apertados, esprimidos.
Sem direito a nada trazer,
sua bagagem era sua mente,
onde fervilhavam lembranças
que, aos poucos, vão se transformando
em saudade doída... sofrida.
Banzo... nostalgia... melancolia.
Desembarcados em terras distantes,
vencida a crueldade da travessia,
a saudade, que arde no peito,
abranda-se, quando a esse escravo,
pisando com seus pés descalços
nessa nova terra, é permitido:
tocar,
dançar
e cantar.
Relembrando seus mitos e seus ritos,
faz-se presente a força de sua etnia.
As marcas de seu aprendizado
não estão só em suas faces,
vibram em todo seu corpo,
fazendo dele uma fortaleza.
Mesmo distante dos seus,
sua identidade não o abandona.
Celebra o território perdido
na magia do círculo:
do terreiro de Candomblé,
da capoeira, do jongo,
do tambor de crioula e do samba,
que o levam de volta,
que permitem a ele transcender
os limites terrenos e buscar na fé
vivida e aprendida com seus ancestrais,
a força para resistir, realizar e construir.
Na incerteza da dispersão – diáspora,
na crueldade da escravidão,
ele: negro, africano, escravo
lança-se, como a flecha de Ode
– o caçador,
na busca de tempos melhores,
na construção criativa e vigorosa
de uma nova Nação.
Aí, ele deixa de ser ele mesmo,
para sermos nós: os Brasileiros.
Felizes os brasileiros que compreendem a grandiosidade dessa herança ancestral
africana,
a força de povos que mesmos subjugados e humilhados não deixam morrer dentro de
si o raio de sol
que aquece e dá sentido a suas vidas.
 
 
 
ESTE TEXTO ESTA DISPONÍVEL NA REVISTA ÁFRICA E AFRICANIDADES.
 
Revista África e Africanidades - Ano I - n. 2 – Agosto. 2008 - ISSN 1983-2354
http://www.africaeafricanidades.com/

6 de jan. de 2011

SALVE O TEMPO

ORAÇÃO AO TEMPO
Caetano Veloso


És um senhor tão bonito

Quanto a cara do meu filho

Tempo tempo tempo tempo

Vou te fazer um pedido

Tempo tempo tempo tempo...



Compositor de destinos

Tambor de todos os rítmos

Tempo tempo tempo tempo

Entro num acordo contigo

Tempo tempo tempo tempo...



Por seres tão inventivo

E pareceres contínuo

Tempo tempo tempo tempo

És um dos deuses mais lindos

Tempo tempo tempo tempo...



Que sejas ainda mais vivo

No som do meu estribilho

Tempo tempo tempo tempo

Ouve bem o que te digo

Tempo tempo tempo tempo...



Peço-te o prazer legítimo

E o movimento preciso

Tempo tempo tempo tempo

Quando o tempo for propício

Tempo tempo tempo tempo...



De modo que o meu espírito

Ganhe um brilho definido

Tempo tempo tempo tempo

E eu espalhe benefícios

Tempo tempo tempo tempo...



O que usaremos prá isso

Fica guardado em sigilo

Tempo tempo tempo tempo

Apenas contigo e comigo

Tempo tempo tempo tempo...



E quando eu tiver saído

Para fora do teu círculo

Tempo tempo tempo tempo

Não serei nem terás sido

Tempo tempo tempo tempo...



Ainda assim acredito

Ser possível reunirmo-nos

Tempo tempo tempo tempo

Num outro nível de vínculo

Tempo tempo tempo tempo...



Portanto peço-te aquilo

E te ofereço elogios

Tempo tempo tempo tempo

Nas rimas do meu estilo

Tempo tempo tempo tempo...

Pós-Graduação CEFET/RJ - Gratuita

Pós-graduação Lato Sensu

Relações Etnicorraciais e Educação

Centro Federal de Educação Tecnológica

Celso Suckow da Fonseca - CEFET/RJ

Maracanã – Rio de Janeiro



Curso de Pós-graduação Lato Sensu:

Relações Etnicorraciais e Educação: Uma Proposta de (Re)Construção do Imaginário Social


inscrições: de 07 a 11 de fevereiro





Processo seletivo para o Curso de Pós-graduação Lato Sensu: Relações Etnicorraciais e Educação: Uma Proposta de (Re)Construção do Imaginário Social, a ser oferecido no CEFET/RJ – Av. Maracanã, 229 – Maracanã – Rio de Janeiro - RJ.

A quem se destina docentes, psicólogos, orientadores educacionais, administradores e demais profissionais habilitados para atuarem na Educação Básica e/ou para profissionais de áreas afins, portadores de diploma de curso superior completo compatível com a área de atuação e reconhecido por órgão competente.



Inscrições

data - no período de 07/02/2011 a 11/02/2011

horário - entre 8h e 16h

local: na Secretaria da DIPPG localiza-se na Avenida Maracanã, 229 – Bloco E-506
Telefone (21) 2566-3179 (Secretaria da Pós-Graduação).



Vagas

Serão oferecidas 35 (trinta e cinco) vagas.



Carga horária

480h (360 horas-aula presenciais e 120 horas-aula de orientação e produção monográfica).
As disciplinas são oferecidas semanalmente, às terças, quartas e quintas-feiras, das 18h às 22h.


Web Site - www.leliagonzalez.org.br

Ações Afirmativas - http://afirmativas.blogspot.com

Informa - http://leliagonzalez-informa.blogspot.com

Continente África - http://continente-africa.blogspot.com



Esse Informativo nos foi enviado por Memória Lélia Gonzalez.

5 de jan. de 2011

Calendários 2011 - Coisa de Crioulo

Queridos irmãos e amigos, estes calendários foram gentilmente cedidos pela Empresa Coisa de Crioulo,

aqueles que desejarem tê-los é só salvar, pedimos apenas que seja para uso próprio e sem fins lucrativos.

Mais informações acesse o site:


Caso o imagem não fique apropriada para impressão, envie um email para : coisadecrioulo@globo.com, e eles enviam gratuitamente.


Forte abraço,
CEIC.





3 de jan. de 2011

Mitos de Exu

Dia 08 de janeiro abrimos nossos trabalhos com uma gira de Exu.


MITOLOGIA AFRICANA

Mitos de Exu: entre ordenamento da estrutura e conduta social e história exemplar

Por Nágila Oliveira dos Santos

Especialista em África / Brasil: laços e diferenças - UCB

Psicanalista Clínica – ESFLUP

Docente da SEEDUC - RJ




Passaremos a analisar os mitos iorubás, enquanto ordenadores da estrutura e conduta social e como história exemplar. Para essa finalidade, selecionados alguns mitos referentes ao orixá Exu.

Os mitos sobre Exu foram selecionados pelo seu forte aspecto de história exemplar, uma vez que Exu é o orixá que possui personalidade mais próxima dos homens. Segundo Barcellos “Exu é o nosso interior, é a nossa intimidade, o nosso poder de ser bom ou mau, de acordo com a nossa própria vontade. Exu é o ponto mais obscuro do ser humano e é, ao mesmo tempo, aquilo que existe de mais óbvio e claro”. (BARCELLOS, 2002 p.51)

O trecho abaixo, extraído do mito no qual Exu ganha poder sobre as encruzilhadas, orienta a conduta do iaô e do povo de santo como um todo; no que se refere ao processo de aquisição de conhecimento e vivência dos iniciados na casa de santo.

“Exu não perguntava

Exu observava

Exu prestava atenção

Exu aprendeu tudo”

(PRANDI, 2002 p.40)

Graças à habilidade de observação e não de indagação, Exu foi capaz de aprender tudo que era necessário para auxiliar Oxalá na modelagem dos homens.

“Exu prestava muita atenção na modelagem

e aprendeu como Oxalá fabricava

as mãos, os pés, a boca, os olhos, o pênis dos homens,

as mãos, os pés, a boca, os olhos, a vagina das mulheres.
 (PRANDI, 2002. p. 40)



A ética do serviço, tão necessária e presente entre o povo de santo, encontra-se também no mito, destacando seu aspecto de história exemplar na qual “Exu não tinha riqueza, não tinha fazenda, não tinha rio, não tinha profissão, nem artes, nem missão. Exu vagabundeava pelo mundo sem paradeiro...” (PRANDI, 2002. p. 40)

Exu que nada possuía, encontra paradeiro na Casa de Oxalá, onde através de muita observação e serviço é recompensado e torna-se o orixá mensageiro, dono das encruzilhadas, guardião da porta da casa de Oxalá, como podemos observar:

“Exu trabalhava demais e fez ali a sua casa,

ali na encruzilhada.

Ganhou uma rendosa profissão, ganhou seu lugar, sua casa”.

“... Exu ficou rico e poderoso.

Ninguém pode mais passar pela encruzilhada

sem pagar alguma coisa a Exu”. (PRANDI, 2002. p. 41)

Outro exemplo, do mito enquanto ordenador de conduta social está no mito em que Exu respeita o tabu e por isso é feito o decano dos orixás.

“Aquele que usa o ecodidé

Foi quem trouxe todos a mim.

Todos trouxeram oferendas

E ele não trouxe nada.

Ele respeitou o tabu

E não trouxe nada na cabeça.

Ele está certo.

Ele acatou o sinal de submissão”. (PRANDI, 2002. p.43)

A passagem acima chama a atenção para importância de se respeitar os tabus estabelecidos. Exu obedece ao impedimento de não usar nada sobre a cabeça enquanto utilizava o ecodidé, respeitando o euó. Dessa forma, é recompensado por Olodumare, tornando-se seu mensageiro e o decano dos orixás, como mostra o fragmento a seguir:

“Doravante será meu mensageiro,

pois respeitou o euó

Tudo o que quiserem de mim,

que me seja mandado dizer por intermédio de Exu.

E então por isso, por sua missão,

que ele seja homenageado antes dos mais velhos,

porque ele é aquele que usou o ecodidé

e não levou carrego na cabeça

em sinal de respeito e submissão”. (PRANDI, 2002. p.43)

Através do mesmo mito podemos analisar a questão do respeito à senioridade, um aspecto importante entre o povo de santo. Dentro desse, a idade de iniciação na religião prevalece sobre a idade biológica. Sendo assim, o mais velho pode dever reverência ao mais novo, _ “Exu era o mais jovem dos orixás. Exu assim devia reverência a todos eles, sendo sempre o último a ser cumprimentado...” (PRANDI, 2002. p.42)

No mito, a senioridade almejada por Exu é garantida a partir da realização de um ebó e pelo respeito ao tabu.

“Assim o mais novo dos orixás,
O que era saudado em último lugar,
Passou a ser o primeiro a receber os cumprimentos.
O mais novo foi feito o mais velho.
Exu é o mais velho, é o decano dos orixás”. (PRANDI, 2002. p. 43-44)
O terceiro mito aqui analisado refere-se àquele em que Exu ajuda Olofim-Olodumare
na criação do mundo. De acordo com o mito, Olofim-Oludumare reunira todos os sábios do
Orum para que o ajudasse na criação do mundo. No entanto, as idéias de todos traziam
algum inconveniente para a finalização do propósito de Olodumare.

No entanto, Exu ao propor pela primeira vez o sacrifício dos pombos e ao guiar Olofim
por todos os lugares onde se deveria verter o sangue dos mesmos, torna possível a
concretização da intenção de Olodumare. Sendo assim, novamente Exu é recompensado:

“Muito me ajudaste

e eu bendigo teus atos por toda a eternidade.

Serás reconhecido, Exu,

serás louvado sempre

Antes do começo de qualquer empreitada”. (PRANDI, 2002. p. 45)

Essa recompensa de Olodumare, aliada a outros feitos de Exu em tempos imemoriais,
deu origem ao rito das casas de santo de o homenagearem antes de todos os orixás e antes
do início de qualquer trabalho.

A primazia de Exu no que se refere ao recebimento das oferendas está atrelada a
outro mito, no qual, Orunmilá tenta controlar a fome incontrolável de Exu, que mesmo após
a morte continuava consumindo tudo, pondo tudo e todos em risco. Após consultar o oráculo
Orunmilá ordenou: “Doravante, para que Exu não provoque mais catástrofes, sempre que
fizerem oferendas aos orixás deverão em primeiro lugar servir comida a ele’. (PRANDI, 2002. p. 46)

Sendo assim, conclui-se que para haver paz e tranqüilidade entre os homens torna-se
preciso dar de comer a Exu em primeiro lugar.
Alguns mitos também apresentam um caráter mais desordeiro de Exu, como o qual,
após por fogo na casa em que estivera hospedado, ele fica rico.
Há um mito no qual, Exu, almejando criar fortuna depressa, realiza um ebó e segue
para a cidade de Ijebu. Chegando lá, hospeda-se na casa de um homem de importante
posição oficial e ao cair da noite pôs fogo na casa do mesmo. Alegando ter perdido uma
fortuna com o incidente, e criando grande reboliço devido ao incêndio, Exu por ser
estrangeiro, acaba sendo recompensado pelas perdas sendo proclamado rei de Ijebu,
tornando todos os habitantes seus súditos.

Esse mito deixa claro que reboliço e confusão são os espaços de Exu. Para Barcellos,
Exu é a bagunça generalizada.
Há mitos que apresentam um caráter vingativo de Exu, como no mito em que ele
leva dois amigos camponeses a uma luta de morte. De acordo com esse mito, Exu, furioso,
por não ser louvado pelos camponeses pôs-se no caminho dos dois, na divisa das duas
roças, tendo um a sua direita e outro a esquerda. Exu utilizou-se de um boné de um lado
branco e do outro vermelho, de forma que cada camponês via apenas uma cor. A verdade
sobre a cor do boné do estrangeiro, Exu, provoca discussão entre os amigos e acaba na
morte de ambos, à golpe de enxada.

E ao implantar a desestabilização “Exu cantava e dançava. Exu estava vingado”.
(PRANDI, 2002. p. 49)

Dessa forma, podemos perceber no mito, um caráter de ordenador de conduta social,
uma vez que retrata a necessidade de se cumprir com as oferendas para não despertar a
sede de vingança de Exu.

Outro ponto que chama a atenção no mito concentra-se na quebra do conceito de
verdade absoluta e na desestabilização trazida pela mesma. Exu, ao utilizar duas cores no
mesmo boné relativiza a verdade e explicita a sua persona de relativizar, negar e afirmar.
Sendo assim, não existe verdade absoluta para Exu. Exu é a própria contradição.
No entanto, podemos nos indagar sobre a seguinte questão: o que teria de fato levado
a briga e a morte dos dois amigos, a intolerância entre ambos motivada pela busca da
verdade absoluta ou Exu? Exu trouxe a dúvida e a instabilidade, mas o desencadeamento
da trama foi uma escolha humana.

Exu está na alteração de ânimo, na divergência, no nervosismo. Ele também se
encontra presente na falta de controle do ser humano. (BARCELLOS, 2002)

A traquinagem é um dos muitos elementos da composição da personalidade de Exu e
é explicitada em outros mitos. Temos por exemplo, um mito no qual, ele ajuda um homem a
trapacear ou no qual provoca a rivalidade entre duas esposas a partir do ciúme e da
competição.

Tratando-se de uma religião onde o intercâmbio entre os homens e orixás é
estabelecido a partir da realização de oferendas e sacrifícios, a displicência no preparo do
ebó é tão perigosa quanto à ausência da oferenda.

Há um mito, no qual Exu vinga-se por causa de um ebó feito com displicência. De
acordo com o mito, um lavrador que precisava de chuvas para irrigar seus campos secos
ofereceu um ebó para Exu. No entanto, preparou-o de forma displicente, apimentando-o e
deixando Exu com muita sede. Com sede, Exu, abriu a torneira da chuva, fazendo com que
a água jorrasse incessantemente, inundando e pondo em risco toda a colheita. Após refazer
o ebó cuidando para que a comida estivesse no ponto, Exu o aceita e estanca a chuva.

Dentre os diversos mitos sobre Exu podemos concluir que:

“São muitas as tramóias de Exu.

Exu pode fazer contra,

Exu pode fazer a favor.

Exu faz o que faz, é o que é”.




Revista África e Africanidades – Ano 2 - n. 8 Fevereiro. 2010 - ISSN 1983-2354

www.africaeafricanidades.com


Autorizada a citação e/ou reprodução deste texto, desde que não seja para fins comerciais e que seja mencionada a referência que segue. Favor alterar a data para o dia em acessou-o:

SANTOS, Nágila Oliveira dos. Mitos de Exu: entre ordenamento da estrutura e conduta social e história exemplar. Revista África e Africanidades, Rio de Janeiro, ano 2, n. 8, fev. 2010. Coluna Mitologia Africana. Disponível em:
. Acesso em: 8 fev. 2010.

Referências:

_ BARCELLOS, Mario César. Os Orixás e o segredo da vida: lógica, mitologia e ecologia.

_ Rio de Janeiro. Pallas: 2002.

_ BENISTE, José. Mitos Iorubás: o outro lado do conhecimento. Rio de Janeiro. Bertrand

Brasil, 2006.

_ PRANDI. Reginaldo. Mitologia dos Orixás. São Paulo: Companhias das Letras, 2001.

_VOGEL, Arno, MELLO, Antônio da Silva e BARROS, José Flávio de. Galinha D’angola:

iniciação e identidade na cultura afro-brasileira. Rio de Janeiro. Pallas: 2005.

Homenagem aos afrodescendentes


2011 - O Ano Internacional para Afrodescendentes tem como meta fortalecer o compromisso político de erradicar a discriminação a descendentes de africanos. A iniciativa quer promover o respeito à diversidade e herança culturais.

O historiador guineense Leopoldo Amado, destaca a importância de se conhecer as origens africanas ao comentar o trabalho feito com quilombolas no Brasil. "Esses novos quilombolas têm efetivamente o objetivo primordial de fortalecer linhas de contato. No fundo restituir-se. Restituir linhas de contatos, restituir aquilo que foi de alguma forma quebrada, aquilo que foi de alguma forma confiscada dos africanos, que é a possibilidade de restabelecer a ligação natural entre aqueles que residem em África, que continuam a residir em África e a dimensão diaspórica deste mesmo resgate. A dimensão diaspórica da África é efetivamente larga e grande".

O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, lembra que pessoas de origem africana estão entre as que mais sofrem com o racismo, além de ter negados seus direitos básicos à saúde de qualidade e educação.

Nós, de Memorial Lélia Gonzalez, destacamos a importância da dedicação aos estudos a que se referem e a aplicação da Lei 10.639/2003 – Lei 11.645/2008 em todos os níveis de ensino.
Destacamos, ainda, que o ensino superior precisa dar atenção especial à aplicação dessas Leis, para a formação de educadores-as articulados com o saber e com consciência cidadã.