23 de mai. de 2010

Um pouco de História

Livro: UMBANDA - A Proto-Síntese Cósmica (pág. 253)




       (...) devemos lembrar que os vários grupos ou nações africanas que aportaram aqui no Brasil, a priori, tinham sérias rivalidades. Fala-se em dois grandes grupos - os Sudaneses e os Bantos, os quais além de terem línguas diferentes (e dentro de cada grupo linguístico vários dialetos), tinham também culturas diferentes e, é claro, concepções místico-religiosas completamente antagônicas. O próprio grupo sudanês, que tinha seus integrantes tidos como os mais evoluídos, também possuía dentro de si mesmo profundas desavenças, que na própria África terminaram em luta fraticida. Os fons abominavam os ditos nagôs, tidos por eles como inferiores. O mesmo acontecia entre os Bantos, onde angolanos e conguenses também se defrontavam, embora de forma muito amenizada em relação aos povos Sudaneses. É bom não nos esquecermos de que os povos do grupo Banto tinham tido alguns contatos com os egípcios e com os povos da Mesopotâmia, tendo deles conservado alguma tradição. Digo alguma tradição, em virtude de, como já dissemos, os grandes patriarcas negros terem deixado a tradição somente de forma oral e, como tal, foi se apagando de geração em geração, até esquecerem quase completamente adulterada, de acordo com os níveis conscienciais das diversas gerações, que já estavam em completa decadência. Mesmo assim, foram os Bantos que de forma completamente anômala e descaracterizada tinham guardado o vocábulo Umbanda ou resquício do mesmo, na forma do radical Mbanda. Dissemos que os desencontros entre os negros africanos aconteceram aqui no Brasil no início de sua permanência, pois gradativamente foram se miscegenando e a própria necessidade de luta libertacionista ou manutenção da própria vida fez com que se unissem, pois se tinham suas desavenças, agora estavam num mesmo solo, cativos e humilhados e precisavam unir-se surgindo assim o primeiro sincretismo por dentro dos Cultos Afro-Brasileiros. Antes de prosseguirmos, queremos definir sincretismo como o fenômeno místico-religioso que visa tornar inteligível um culto que possa ser praticado por vários povos ou grupos étnicos, que até o momento tinham rituais e concepções diferentes. É um mal necessário, pois se formos analisar profundamente o sincretismo ou analogia de cultos ou partes de um culto, vamos ver que ele faz com que vários cultos se identifiquem em um só. Sem dúvida, embora de forma primitiva, é uma tentativa de síntese. Em análise etnocultural, é uma adaptação para os vários níveis conscienciais das humanas criaturas, como também uma forma de uni-las e elevá-las a outras adiante, o que acontece na Umbanda dita de vivência popular.
       Após falarmos sobre o primeiro sincretismo por dentro dos ditos Cultos Afro-Brasileiros, vejamos de forma didática as subdivisões desses cultos, entendendo que a Umbanda é uma metas a ser atinginda pelos demais cultos. Com isso, queremos afirmar que, conforme formos descendo em nossa subdivisão, há uma interpenetração da corrente ameríndia, mostrando a nítida influência da Umbanda ou da Raça Vermelha que no astral brasileiro tornou-se responsável pela elevação moral dessa coletividade, procurando de todas as formas e meios fazer ressurgir, em todos os ditos cultos, o Movimento Umbandista, que em análise oculta ou esotérica, tem por finalidade abarcar, numa primeira fase, os adeptos dos Cultos Afro-Brasileiros, sendo portanto o Movimento Umbandista um movimento saneador e reestruturador e o mesmo tempo direcionador dessa coletividade.

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