Irmãos há algum tempo li o livro Candomblé e Umbanda: Caminhos da Devoção Brasileira, para pesquisas sobre a vinda e chegada dos negros escravos no meio do século XIX nos portos brasileiros, deixo um trecho deste livro e a boa pedida para quem deseja entender um pouco sobre a chegada da religião negro-africana no Brasil pelos povos Bantos e Yorubas, e suas diversas regiões (Jeje, Nagô, Fon, etc) que a partir da aculturação entre si e depois com os índios e europeus chegam ao formato e (re) criação hoje das religiões afro-descendentes no Brasil. Um livro curto, barato, de fácil leitura, com um conteúdo rico e assimilável, um pouco da história do Brasil por um viés visto a partir da religião. Axé.
"A Umbanda, como religião que se quer brasileira, nacional, patrocinou no plano mítico a integração de todas as categorias sociais, principalmente as marginalizadas, através de uma nova síntese onde os valores dominantes da religiosidade de classe média (ctólicos e posteriormente kardecistas) se abriram `s formas populares afro-brasileiras, depurando-se em nome de uma mediação que, no plano do cosmo religioso, representou a convivência das três raças brasileiras.
Nesse sentido, pode-se dizer que, se o candomblé procurou reconstituir nos terreiros pedaços da África no Brasil (também como forma de expressar a dificuldade e as restrições encontradas pelos negros para se estabelecrem social e culturalmente como negros e brasileiros na sociedade nacional), a umbanda procurou, pela ação da classe média branca e depois dos segmentos mais baixos da população (negros e mulatos), refazer o Brasil passando pela África, porém depurando-o. Um Brasil onde as mazelas de nosso passado e presente pudessem ser dirimidas ou recompensadas através da confraternização numa nova ordem mítica, na qual índios, negros, pobres, prostitutas e malandros pudessem retornar como espíritos, seja como heróis que souberam superar as privações e opressões que sofreram em vida, seja como categorias que, ao menos pela evolução espiritual, mantêm viva a esperança de ocupar espaços de prestígio que a ordem social sempre lhes negou."
Candomblé e Umbanda: Caminhos da Devoção Barsileira.
Vagner Gonçalves da Silva. (págs 132-133)
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