10 de jan. de 2011

ACARAJÉ

O texto abaixo é um trecho do artigo:


SABORES E AROMAS
Acarajé: da cozinha sagrada à
culinária laica
 
Por Jefter Paulo

Designer, ator e dançarino.

 
 
 
Acarajé de orixá


Acarajé, comida ritual da orixá Iansã. Na África, é chamado de àkàrà que significa bola de fogo, enquanto

je possui o significado de comer. No Brasil foram reunidas as duas palavras numa só, acara-je, ou seja,

“comer bola de fogo”.

O acarajé, o principal atrativo no tabuleiro, é um bolinho é indissociável da cultura do candomblé e da

história dos africanos no Brasil.

Sua origem é explicada por um mito sobre a relação de Xangô com suas esposas,

Oxum e Iansã. O bolinho se tornou, assim, uma oferenda a esses orixás. Mesmo ao ser

vendido num contexto profano, o acarajé ainda é considerado, pelas baianas, como uma

comida sagrada. Por isso, a sua receit a, embora não seja secreta, não pode ser

modificada e deve ser preparada apenas pelos filhos -de-santo.

O acarajé é feito com feijão-fradinho, que deve ser quebrado em um moinho em

pedaços grandes e colocado de molho na água para soltar a casca. A pós retirar toda a

casca, passar novamente no moinho, desta vez deverá ficar uma massa bem fina. A essa

massa acrescenta-se cebola ralada e um pouco de sal.

O segredo para o acarajé ficar macio é o tempo que se bate a massa. Quando a

massa está no ponto, fica com a aparência de espuma. Para fritar, use uma panela funda

com bastante azeite-de-dendê ou azeite doce.

Normalmente, usam-se duas colheres para fritar, uma colher para pegar a massa e uma

colher de pau para moldar os bolinhos. O azeite deve e star bem quente antes de colocar

o primeiro acarajé para fritar.

Esse primeiro acarajé sempre é oferecido a Exu pela primazia que tem no

candomblé. Os seguintes são fritos normalmente e ofertados aos orixás para os quais

estão sendo feitos.



Acarajé da baiana

O acarajé também é um prato típico da culinária baiana e um dos principais produtos

vendidos no tabuleiro da baiana (nome dado ao recipiente usado pela baiana do acarajé

para expor os alimentos), que são mais carregados no tempero e ma is saborosos,

diferentes de quando feitos para o orixá.

A comercialização do acarajé teve início ainda no período da escravidão com as

chamadas escravas de ganho que trabalhavam nas ruas das grandes metrópoles, em

diversas atividades, dentre elas, a venda de quitutes nos seus tabuleiros. Tal comércio foi

responsável não raras vezes pelo sustento de famílias, pela criação das irmandades

religiosas, da criação de laços comunitários/ identitários entre escravos urbanos.

A forma de preparo do acarajé, enquanto comida votiva e comida laica é

praticamente a mesma, a diferença está no modo de ser servido: ele pode ser cortado ao

meio e recheado com vatapá, caruru, camarão refogado, pimenta e salada(feita com:

tomate verde e vermelho mais coentro ).
O acarajé é similar ao abará, a maior diferença entre os dois é que o acarajé é frito,

ao passo que o abará é cozido.


Receita básica de um bom acarajé:

Ingredientes

1/2 kg de feijão-fradinho descascado e moído

150 g de cebola ralada

1 colher (sobremesa) de sal ou a gosto

1 litro azeite-de-dendê para fritar

Se a família for grande, dobrar a receita. Em várias cidades é possível encontrar o

feijão fradinho descascado e moído já pronto, na forma de farinha: farinha de feijão

fradinho.

Recheio de camarão

Refogar por 10 a 15 minutos: 4/6 xícara de azeite -de-dendê, 3 cebola picada, alho

a gosto, 700 g de camarão defumado sem casca e cheiro -verde. Caso queira, podem ser

acrescentados tomate e coentro, e como dito anteriormente, caruru, vatapá e molho de

pimenta.
 
 
REFERÊNCIA:
Revista África e Africanidades - Ano I - n. 1 – Maio. 2008 - ISSN 1983-2354



ATENÇÃO:
 
Encontre o texto completo em:
www.africaeafricanidades.com


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