12 de jan. de 2011

Oxóssi - 20 de Janeiro

Oxóssi



 

DIA: Quinta-feira
COR: Azul-Turquesa
SÍMBOLOS: Ofá (arco), Damatá (flecha), Erukeré
ELEMNTO: Terra (florestas e campos cultiváveis)
DOMÍNIOS: Caça, Agricultura, Alimentação e Fartura
SAUDAÇÃO: Òké Aro!!! Arolé!
Oxóssi (Òsòsi) é o deus caçador, senhor da floresta e de todos os seres que nela habitam, orixá da fartura e da riqueza. Atualmente, o culto a Oxóssi está praticamente esquecido em África, mas é bastante difundido no Brasil, em cuba e em outras partes da América onde a cultura iorubá prevaleceu. Isso deve-se ao fato de a cidade de Kêtu, da qual era rei, ter sido destruída quase por completo em meados do século XVIII, e os seus habitantes, muitos consagrados a Oxossi, terem sido vendidos como escravos no Brasil e nas Antilhas. Esse fato possibilitou o renascimento de Kêtu, não como estado, mas como importante nação religiosa do Candomblé.
Oxóssi é o rei de Kêtu, segundo dizem, a origem da dinastia. A Oxóssi são conferidos os títulos de Alakétu, Rei, Senhor de Kêtu, e Oníìlé, o dono da Terra, pois em África cabia ao caçador descobrir o local ideal para instalar uma aldeia, tornando-se assim o primeiro ocupante do lugar, com autoridade sobre os futuros habitantes. Com efeito, Oxossi (Òsôsi) é considerado como um dos òrisà reais e por isso é chamado de alákétu titulo oficial do rei de Kétu. Seu culto foi introduzido na Bahia por uma das fundadoras do àse do primeiro “terreiro” público na Barroquinha, e Òsôsi considerado fundador dos três “terreiros” que derivaram dele. Isto importante porque Òsôsi é considerado Àsèsè, origem das origens, dos descendentes de Kétu no Brasil. É chamado de Olúaiyé ou Oni Aráaiyé, senhor da humanidade, que garante a fartura para os seus descendentes.
Como Ògún, é associado a um aspecto do preto: suas vestimentas, seus paramentos e as cotas de seu colar são azul-claros.
O símbolo que o representa é um arco e flecha de ferro. Entre seus paramentos figuram os oge, chifres de touro selvagem (do efon Syncerus Caffer Beddingtoni), substituídos no Brasil pelos chifres de touro. Não entraremos na análise do simbolismo do chifre e contentar-nos-emos apenas com chamar a atenção para sua estrutura em forma de cone e sua relação com abundância e elemento procriado no  àiyé e no òrun.
Essa relação com ascendência e descendência faz com que o seu som seja de uma força inigualável; e um poderoso meio de comunicação entre àiyé e o òrun; com efeito, os chifres rituais no culto de Òde são chamados Olugboohun: o Senhor escuta minha voz.
Tem relevância especial, outro emblema que caracteriza Òsôsi: o ìrùkèrè pronunciado na Bahia èrùkèrè.
É uma espécie de cetro feito com pêlos de rabo de touro presos a um pedaço de couro duro constituindo um cabo revestido de couro fino e ornado com contas apropriadas e cauris. É um dos principais instrumentos utilizados pelos caçadores e detém poderes sobrenaturais. Na África nenhum caçador ousaria aventurar-se na floresta sem seu èrùkèrè. É preparado com pós e remédios de diversos tipos, assim como com folhas e fragmentos triturados de animais sacrificados. Antes de serem presas ao èrùkèrè, as raízes dos pêlos devem durante algum tempo ser imersas em um pote com uma combinação de elementos que constituem um àse especial, que lhe permitirá adquirir os poderes necessários à sua finalidade. Não se trata apenas de um emblema profilático; tem o poder de controlar e manejar todo tipo de espíritos da floresta.

Na história da humanidade, Oxóssi cumpre um papel civilizador importante, pois na condição de caçador representa as formas mais arcaicas de sobrevivência humana, a própria busca incessante do homem por mecanismos que lhe possibilitem se sobressair no espaço da natureza e impor a sua marca no mundo desconhecido.
A colecta e a caça são formas primitivas de busca de alimento, são os domínios de Oxóssi, orixá que representa aquilo que há de mais antigo na existência humana: a luta pela sobrevivência. Oxóssi é o orixá da fartura e da alimentação, aquele que aprende a dominar os perigos da mata e vai em busca da caça para alimentar a tribo. Mais do que isso, Oxóssi representa o domínio da cultura (entendendo a flecha como utensílio cultural, visto que adquire significados sociais, mágicos, religiosos) sobre a natureza.
Astúcia, inteligência e cautela são os atributos de Oxóssi, pois, como revela a sua história, esse caçador possui uma única flecha, por tanto, não pode errar a presa, e jamais erra. Oxóssi é o melhor naquilo que faz, está permanentemente em busca da perfeição.
Em África, os caçadores que geralmente são os únicos na aldeia que possuem as armas, têm a função de salvar a tribo, são chamados de Oxô, que significa guardião. Oxóssi também foi um Òsó, mas foi um guardião especial, pois salvou seu povo do terrível pássaro das Iyá-Mi.
Oxóssi mantém estreita ligação com Ossaim (Òsanyìn), com quem aprendeu o segredo das folhas e os mistérios da floresta, tornou-se um grande feiticeiro e senhor de todas as folhas, mas teve que se sujeitar aos encantamentos de Ossaim. Outras histórias relacionadas com Oxóssi apontam-no como irmão de Ogum (dizem as lendas que são irmãos inseparáveis, sendo dentro do mundo iorubá o amor de irmão mais forte que existe, Além de irmão, Oxóssi é grande amigo de Ogum – dizem até que seria seu filho, e onde está Ogum deve estar Oxóssi as suas forças completam-se e, unidas, são ainda mais imbatíveis.)). Juntos, eles dominaram a floresta e levaram o homem à evolução., a utilização da floresta, mas enquanto o senhor da guerra percorre as matas nas lutas militares, Oxóssi e Ossain tem na floresta  o próprio fim. Enquanto Ogum percorre a mata para abrir caminhos e ampliar o território através das guerras, Ossain se esconde nela para estudar as folhas e Oxóssi para capturar animais. Ogum modifica a floresta, enquanto Oxóssi e Ossain se identifica com ela e com ela se mistura.
A história mostra Oxóssi como filho de Iemanjá, mas a sua verdadeira mãe, segundo o mais antigos, é Apaoká a jaqueira, que vem a ser uma das Iyá-Mi, por isso a intimidade de Oxóssi com essa árvore.
A rebeldia de Oxóssi é algo latente na sua história. Foi desobedecendo às interdições que Oxóssi se tornou orixá.
Tal como Xangô, Oxóssi é um orixá avesso à morte, porque é expressão da vida. A Oxóssi não importa o quanto se viva, desde que se viva intensamente. O frio de Ikú (a morte) não passa perto de Oxóssi, pois ele não acredita na morte.


Características dos filhos de Oxóssi

Os filhos de Oxóssi são pessoas de aparência calma, que podem manter a mesma expressão quando alegres ou aborrecidas, do tipo que não exterioriza as suas emoções, mas não são, de forma alguma, pessoas insensíveis, só preferem guardar os sentimentos para si.
São pessoas que podem parecer arrogantes e prepotentes, e às vezes são. Na realidade, os filhos de Oxóssi são desconfiados, cautelosos, inteligentes e atentos, seleccionam muito bem as amizades, pois possuem grande dificuldade em confiar nas pessoas. Apesar de não confiarem, são pessoas altamente confiáveis, das quais não se teme deslealdade; são incapazes de trair até um inimigo. Magoam-se com pequenas coisas e quando terminam uma amizade é para sempre.
São do tipo que ouve conselhos com atenção, respeita a opinião de todos, mas sempre faz o que quer. Com estratégia, acabam por fazer prevalecer a sua opinião e agradando a todos.
Altos e magros, os filhos de Oxóssi possuem facilidade para se mover, mesmo entre obstáculos. O seu andar possui leveza e elegância. A sua presença é sempre notada, mesmo que não façam nada para isso acontecer.
Os filhos de Oxóssi gostam de solidão, isolam-se, ficam à espreita, observam atentamente tudo que se passa à sua volta. Curiosos, percebem as coisas com rapidez, são introvertidos e discretos, vaidosos, distraídos e prestativos, comportamento típico de um caçador, provedor do seu povo.

Referências

SANTOS Juana Elbem; Os Nàgô e a morte: Pàde, Asôsh e o culto Egun na Bahia; traduzido pela Universidade Federal da Bahia. Petrópolis, Vozes, 1986.
264p. 21 cm. (Mestrado, v, 4). Tese Universidade de Sorbonne.
Bibliografia.
  1. Ritos e cerimônias fúnebres— Brasil — Bahia
  2. Yorubas — Cultura 3, Yorubás na Bahia —
  3.  Cerimônias e práticas. 1. Título. TII Série.


http://www.cabocloarruda.hpg.com.br/teca/oxossi.htm

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